O mundo pulsa num tempo veloz, num ambiente multitarefas, com sobrecarga de informações, sobrecarga emocional. Nos habituamos a este contexto, a correr contra o tempo, a realizar muitas coisas em um mesmo dia, sempre com pressa, sempre com urgência, tendo que dar conta de todas as demandas de trabalho, da vida social, da vida pessoal, das demandas familiares. Ufa… e ainda precisando de mais tempo para realizar tudo aquilo com o que nos comprometemos. Às vezes, desejamos nos dividir em dois ou três para ter tempo, para fazer mais coisas.
De repente, emerge um vírus totalmente inesperado, que se propaga na mesma velocidade e que nos força a pisar no freio, recolher-se por proteção. E tudo virou de cabeça para baixo nos fazendo ter outra percepção do tempo, do espaço, das nossas relações cotidianas. O lugar seguro tornou-se vulnerável, a rotina foi drasticamente modificada e as certezas questionadas. O não-saber ficou escancarado, assim como os nossos medos, nosso sentimento de perda, nosso luto.
Aos poucos, nosso novo cotidiano vai se delineando e vamos substituindo a incerteza por habitarmos esse novo tempo de pausa e lentidão, de nos reconectarmos como indivíduos e como família. Apropriando-nos desse tempo de maneira sutil, cuidando de si e das pessoas que vivem conosco, dedicando uma presença que não estávamos habituados a ter, preparar o nosso cotidiano com delicadeza e tranquilidade, e recuperar uma liberdade interior que é essencial a nossa existência. Cuidemos do corpo, da mente, das palavras e da escuta.
Mais do que dizer às pessoas aquilo que elas devem fazer, perguntem a elas o que sentem vontade de fazer, perguntem a elas do que gostam. Não temos necessidade de ocupar esses dias com uma hiperatividade, mas ao contrário, usemos esse tempo para aquilo que antes negligenciamos. Juntos, dialogando, vamos aprendendo a manter acesa a chama da educação, da individualidade e da subjetividade e, com isso, temos condições de recriar, inovar, cooperar e compartilhar.
Neste processo, cada um contribui com os cuidados de si e dos outros, gestos de afeto em pequenos detalhes, passando a estar de fato em contato com a natureza das coisas, vê-las se transformando diante dos olhos, participando de um processo que demanda tempo e presença e envolve sentimentos. Nessa transição, passamos aos poucos a nos conectar de forma prazerosa às coisas mais simples e essenciais da vida, descobrindo um cotidiano extraordinário.
Logo, voltaremos ao mundo veloz de antes, ao cotidiano, aos apertos de mão e abraços. Enquanto isso, vamos nos unindo em forma de palavras, vibrações, intenções, invenções, compartilhando maravilhas e esperança por nós, pelas crianças, por toda comunidade, com a intenção de manter a fé e aquecer os corações de todo mundo.
Michelle Marin
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Nova América - Piracicaba
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